quarta-feira, 29 de outubro de 2008

VEM, MENINO!

Eloiza Marinho

Lá vem o menino!
Cabeça baixa,
Ombros caídos!

Lá vem o menino!
Franzino!
Escorre pelo rosto
uma lágrima sentida.

Lá vem...
Lá vem o menino!
Num sussurro, a voz quase rouca.
Tem medo:
do mundo, dos homens,
de mim!

Lá vem o menino! Vem!
Perde-se entre os livros.
E, das brincadeiras, nasce canção!
E o menino esquece toda sua aflição!

Olha as estórias
contadas nos livros.
Lê as aventuras
que guarda consigo!

As horas passam!
O tempo voa!
Agora é outro menino!

Lá vai o menino!
Cabeça erguida!
Sorriso no rosto!
Vida abastecida
de nova esperança!

Lá vai o menino,
Esquecido do mundo,
Repleto de sonhos!
Reconstrói sua vida,
Recontando histórias,
Criando aventuras!

Lá vai o menino...
Aprendendo a ser homem.

Imagem: tracosetrocos.wordpress.com/.../mais-um-menino/

ESSE JEITO DIFERENTE DE AMAR

Eloiza Marinho

Que Amor é esse?!
Surpreendente! Exigente! Exclusivo! Fiel!
Amor-entrega!
Amor-doação!
Amor-Total!?

Que Amor é esse
Que te faz inteiro Dele?
Mas que te abre para o outro,
Sem reservas, todo entrega!
Sem medidas, por igual!

Que Amor é esse?!
Que, te fazendo mais homem,
Faz-te mais humano,
Mas te torna também anjo
Que passa comunicando um novo jeito de amar?

Quase sinto tuas dores!
Desejo conhecer os teus limites,
Saber as tuas cruzes
E contigo caminhar.
E, em cada superação,
Quisera eu contigo estar.

Então, me faz também aprendiz desse teu Amor?!
Amor diferente!
Amor conseqüente
Que me torna um com o outro,
Torna-me um novo eu!

Faz-me conhecer esse Amor!
Faz-me viver esse Amor!
Sem culpas, nem medos.
Integrando o belo e o feio,
A vida e a morte,
O sonho e a realidade...
Esse mundo de contrastes
Precisa de nova cor.

Amor que nasce Nele,
Amor que vem por Ele,
Não precisa ter receios,
Só precisa cultivar.

Não quero ser empecilho!
Não quero te transformar!
Mas, juntos, quem sabe um dia poder cuidar...
Da vida que há em ti,
Da vida que pulsa em mim,
Do mundo, jardim sagrado,
Lugar que o Bem-Amado,
Escolheu como sacrário
E em nós veio morar.

Quisera caminhar contigo
Sendo, também eu, solo sagrado,
Marcada pelo amor de Deus,
Ser expressão do eterno,
Desse Amor que há em ti


Amor gratuito... companheiro!
Sagrado e humano, quem sabe?
Que quanto mais se dá, mais recebe.
Que quanto mais se doa,
Mais fortalece.

Afinal, o Amor quando é amado,
Reflete felicidade.
Comunica, transforma, inquieta
E gera cumplicidade.

Amor cristão compromete,
Convive, comunga, desperta!
Não isola, mas integra.
Tem seu espaço,
Tenho meu espaço,
Temos nosso espaço...
Tornando-nos um com Ele!

Assim, vou me fazendo,
Aprendiz do Amor Cristão.
Aproximo-me mais de Cristo
Quanto mais me torno humana,
Vivendo ao lado do irmão.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O MELHOR DE MIM

Eloiza Marinho Aonde está o melhor de mim?

Nos cursos que fiz e ainda faço?
No conhecimento acumulado?
Em tantos livros surrados?
Nas coisas que tenho conquistado?
Nas mil e uma noites mal dormidas?
Na luta contínua pelo que faço?
No emprego, trabalho que abraço?

Aonde está o melhor de mim?

Encontrei-me no sorriso sincero da criança pequena
que espera algo novo de mim.
No abraço apertado do “adolescente-problema”
que procura alento para a vida em movimento.
Nas lágrimas da mãe angustiada que pede socorro,
No passo apressado de quem chegou atrasado,
No olhar confiante de cada estudante
que se aproxima de mim.

Aonde está o melhor de mim?

Em cada pessoa, cidadão-estudante,
Que, passando na escola,
“deixou muito de si e levou tanto de mim!”



( Homenagem aos professores em 15/10/2008)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Qualidade: vida na 3ª idade?

Eloiza Marinho












Quando criança, todos diziam:
“Ai, que amorzinho!”

Já adolescente:
“Puxa! Como é esperto!”

Enquanto jovem:
“Nossa! Como cresceu. É tão inteligente!”

Depois, adulto:
“Seu nome é trabalho, sobrenome eficiência!”

Agora que é velho,
já quase nem se lembra o último elogio que ouviu
ou mesmo um pequeno gesto de admiração que alguém lhe fez.
Ficara invisível!

Os filhos, a família, o rejeitam:
“Vai pro quartinho dos fundos.”

Os netos ignoram:
“Pô! Eles ainda estão aqui?”

Trabalho já não encontra,
mas despesa, sim. E muitas!

A sociedade o contabiliza como prejuízo, défict.
E então, o encostam.
Torna-se sinônimo de “encosto”, incômodo, peso morto,
doença, tristeza, abandono...
Só a pequena aposentadoria é que serve...
para algum “esperto” da família.

Esquecidos da família.
Esquecidos da sociedade.
Esquecidos da vida.
São nossos idosos!
Ainda pleiteando vagas nos subempregos
para manter famílias: filhos, netos...

Excluídos da vida, da sociedade, das suas famílias,
Só querem sobreviver,
Terminar de viver!
E o que nós oferecemos?


Imagem: http://www.correioregionalnews.com.br/fotos/idoso(1).jpg