Eloiza Marinho
Nessa desafiante arte de nos aventurarmos pelo mundo da escrita, nos descobrimos preocupados com coisas que até então passavam-nos completamente desapercebidas, não nos causavam a menor curiosidade.
De repente, começamos a perceber “detalhes” na escrita de um, de outro, que fazem com que afirmemos com um tom quase de vitória: “Aposto que aquele texto só pode ser de fulano!” “Esse aqui tem a cara de sicrano!” E nesse exercício permanente de construção e reconstrução, vejam só o que acontece no ARCO.
A sensibilidade romântica de Ariane deixa o texto quase poético. Já o rigor ético e politizado de Raquel faz com que coloquemos o pé no chão e a cabeça no ideal, resgatando princípios, questionando posturas, assumindo atitudes, provocando comprometimento sério.
O cuidado técnico, gramatical, transforma o escrever de Lucivania uma verdadeira aula de lingüística, obra de arte para os gramáticos. Um pouco mais lenta, porém tanto quanto detalhista, Helena a acompanha nesse primor estilístico.
Silenciosa, mas não menos rebuscada que Raquel, está a Gardênia com sua eterna preocupação ecológica e solidária; é o verdadeiro exercício do saber pensar e da ética do cuidado, gestados na vivência do conflito humano e das relações interpessoais. E vem acompanhada de Arlete que, de mansinho, já mostrou a que veio: profundidade, argumentação, filosofia, mistura que torna sua elaboração completamente publicável.
Deise, no meio de tantas atribuições atribuladas, encontra tempo - entre uma fralda e outra da Dandara - para deixar seu senso politicamente correto de gestora, orientar sua alma de escritora. É parceira de Raquel na “abordagem política da temática”.
Fazendo coro com Deise nas fraldas e cantigas de ninar, Aparecida - entre uma coisa e outra - demonstra o empenho, a persistência e o resultado podem até ser tímidos, mas contundentes textos.
Graça, com seu espírito de técnico, empolga-se em verdadeiros tratados. Recorre a uma infinidade de autores e do que poderia virar “uma salada intelectual”, com esforço e determinação de artesã, vai humildemente tecendo, esculpindo, transformando, até dar formas a sua obra.
Paulo e seu ar de “eterna adolescência”, aparentemente dispersivo, brincalhão, engana os incautos. Por trás dessa aparência de poeta-cantor, encontra-se o homem das palavras bem argumentadas e fundamentadas.
O Manoel procura demonstrar sua preocupação com a cidadania planetária. Poderia se dizer, uma nova ordem ecológica em que o humano se envolve com a vida em todas as dimensões, compreendendo-se como parte constitutiva da natureza? É uma síntese de eco-politico. Se é que se pode dizer algo assim! Se não, ele já é quase o rei da prolixidade (só perdendo pra mim) e o imperador da linguagem rebuscada para adequar idéias não muito coesas.
Merecido destaque, Nilda - a preocupação em pessoa - dedicada ao compromisso da escrita pessoal e da aprendizagem dos alunos. Talvez seja quem melhor represente aquele Assessor que tem procurado registrar o real, o possível, o necessário para experimentar concretamente a Pesquisa e Elaboração nas salas de aula.
Na verdade, nem sei se cada um é mesmo desse jeito que tentei descrever. Só sei que, quanto a mim, disseram que devo ser impessoal na escrita. Que escrever é coisa séria; deve ser algo publicável. É bom que eu use uma linguagem mais formal, que aborde aspectos tais e ”pa... ta... ti... pa... ta... ta...” No entanto, estou mesmo é gostando de brincar de escrever; brincar com as palavras, conversar com as idéias que, às vezes, fervilham em minha mente.
Então, uno-me a Nilda, companheira de luta, de expectativas, de exercício de elaboração. Que tal você também ler o que escrevo e tentar responder-me, afinal: Qual é o meu estilo?
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