segunda-feira, 9 de junho de 2008

BRASIL, QUAL É TEU DESTINO?

Eloiza Marinho


Brasil de tantos encantos
De múltiplas caras
De diversos olhares
Que tantas “línguas” fala
Desde o nordeste até o sul
Brasil multicor.

Qual é teu destino, Brasil?

Brasil de “oportunidades”?!
É claro! Dependendo de “quem”, “pra quem”...
Brasil das desigualdades
Que gera distâncias
Que contamina os sonhos
Que não deixa crescer.

Como pensar teu destino, Brasil?

Brasil de tantos analfabetos
Que não sabem ler os livros
Que não conseguem ler a vida
Que ficam sós, no sonho da faculdade
Sem conseguir cursar.
Brasil dos desempregados
Dos subempregados
Da maioria “parda”
Que também quer pensar.

Como fazer teu destino,Brasil?


Se teus filhos “que não fogem à luta”
Parecem derrotados
Sem a menor atenção?
É escola parada,
Professor “atropelado”,
Governo todo “enrolado”
E o estudante...
Completamente abandonado.
É assim que se cuida do cidadão,
O futuro da nossa nação?
Lembra que teu destino, Brasil
É o que construímos agora
com compromisso e determinação
.

domingo, 8 de junho de 2008

DESPEDIDAS E RECOMEÇOS

Eloiza Marinho



Em cena, um ancião e um menino. Platéia lotada. Todas as atenções voltadas para aquele instante mágico. É o auge da apresentação.

O diálogo entre aqueles dois personagens parece indicar o último ato. Ou seria o começo?

_ Puxa, como andei nesses últimos tempos! – comentou o ancião, olhando o caminho que ficara para trás dos seus pés cansados.
_ É, mas ainda falta tanto... – retrucou o menino, olhando ansioso para a estrada que se abria a sua frente.
_ Muita coisa eu pude ver durante essa jornada – disse o ancião com ar pensativo – Homens brigando...
_ Mas também havia aqueles que evitavam, dialogando – retrucou o menino.
_ Pessoas doentes...
_ E aquelas que as cuidavam.

_ Jovens drogados...
_ Como também jovens que conseguiram retornar aos estudos, entrar na faculdade ou começar o primeiro emprego.
_ Tantos desempregados: pais, mães...
_ Mas pessoas solidárias também, dividindo um pouco do que têm para amenizar a dor do outro.
_ E as guerras, a fome, a violência ...

_Homens, mulheres, crianças, povos de todos os cantos do mundo se uniram num eco poderoso de desejo de PAZ, JUSTIÇA, FRATERNIDADE, AMOR.
_ Talvez eu fique por aqui, menino. – disse o ancião sentando-se à beira do caminho – É tarde e o sol já se esconde. Logo chegará a escuridão.

_ Não, o sol está apenas preparando um novo alvorecer, mais radiante e belo do que antes. – Estendendo sua mão pequena de menino, continuou – Venha comigo, senhor. Juntos podemos ir mais além.

A vida não é um palco, mas você pode estar “encenando atos” ou sendo apenas uma “platéia”, às vezes atenta, outras nem tanto.

O que temos é somente o agora. O antes é alicerce para que, no agora, se construa o depois. Como será o amanhã? Como queremos o novo ano? Comecemos a construí-lo já.

Afinal, qual é o meu estilo?!

Eloiza Marinho
Nessa desafiante arte de nos aventurarmos pelo mundo da escrita, nos descobrimos preocupados com coisas que até então passavam-nos completamente desapercebidas, não nos causavam a menor curiosidade.
De repente, começamos a perceber “detalhes” na escrita de um, de outro, que fazem com que afirmemos com um tom quase de vitória: “Aposto que aquele texto só pode ser de fulano!” “Esse aqui tem a cara de sicrano!” E nesse exercício permanente de construção e reconstrução, vejam só o que acontece no ARCO.
A sensibilidade romântica de Ariane deixa o texto quase poético. Já o rigor ético e politizado de Raquel faz com que coloquemos o pé no chão e a cabeça no ideal, resgatando princípios, questionando posturas, assumindo atitudes, provocando comprometimento sério.
O cuidado técnico, gramatical, transforma o escrever de Lucivania uma verdadeira aula de lingüística, obra de arte para os gramáticos. Um pouco mais lenta, porém tanto quanto detalhista, Helena a acompanha nesse primor estilístico.
Silenciosa, mas não menos rebuscada que Raquel, está a Gardênia com sua eterna preocupação ecológica e solidária; é o verdadeiro exercício do saber pensar e da ética do cuidado, gestados na vivência do conflito humano e das relações interpessoais. E vem acompanhada de Arlete que, de mansinho, já mostrou a que veio: profundidade, argumentação, filosofia, mistura que torna sua elaboração completamente publicável.

Deise, no meio de tantas atribuições atribuladas, encontra tempo - entre uma fralda e outra da Dandara - para deixar seu senso politicamente correto de gestora, orientar sua alma de escritora. É parceira de Raquel na “abordagem política da temática”.

Fazendo coro com Deise nas fraldas e cantigas de ninar, Aparecida - entre uma coisa e outra - demonstra o empenho, a persistência e o resultado podem até ser tímidos, mas contundentes textos.


Graça, com seu espírito de técnico, empolga-se em verdadeiros tratados. Recorre a uma infinidade de autores e do que poderia virar “uma salada intelectual”, com esforço e determinação de artesã, vai humildemente tecendo, esculpindo, transformando, até dar formas a sua obra.

Paulo e seu ar de “eterna adolescência”, aparentemente dispersivo, brincalhão, engana os incautos. Por trás dessa aparência de poeta-cantor, encontra-se o homem das palavras bem argumentadas e fundamentadas.

O Manoel procura demonstrar sua preocupação com a cidadania planetária. Poderia se dizer, uma nova ordem ecológica em que o humano se envolve com a vida em todas as dimensões, compreendendo-se como parte constitutiva da natureza? É uma síntese de eco-politico. Se é que se pode dizer algo assim! Se não, ele já é quase o rei da prolixidade (só perdendo pra mim) e o imperador da linguagem rebuscada para adequar idéias não muito coesas.

Merecido destaque, Nilda - a preocupação em pessoa - dedicada ao compromisso da escrita pessoal e da aprendizagem dos alunos. Talvez seja quem melhor represente aquele Assessor que tem procurado registrar o real, o possível, o necessário para experimentar concretamente a Pesquisa e Elaboração nas salas de aula.

Na verdade, nem sei se cada um é mesmo desse jeito que tentei descrever. Só sei que, quanto a mim, disseram que devo ser impessoal na escrita. Que escrever é coisa séria; deve ser algo publicável. É bom que eu use uma linguagem mais formal, que aborde aspectos tais e ”pa... ta... ti... pa... ta... ta...” No entanto, estou mesmo é gostando de brincar de escrever; brincar com as palavras, conversar com as idéias que, às vezes, fervilham em minha mente.

Então, uno-me a Nilda, companheira de luta, de expectativas, de exercício de elaboração. Que tal você também ler o que escrevo e tentar responder-me, afinal: Qual é o meu estilo?

Eu e as crônicas ou de quando me achei nas crônicas

Eloiza Marinho
_ Me ensina a escrever uma crônica? – pedi, assim, sem mais nem menos.
_ O quê?!
_ Eu quero aprender a escrever crônicas – repeti, decidida a prosseguir no meu intento.
_ Primeiro, não se diz “me ensina”, mas “ensina-me”. Depois... De onde você tirou essa
idéia? – retrucou Janete, estranhando tal solicitação.
_ Gosto de ler crônicas: da sua criatividade, da inteligência com que os autores lidam com os
temas, do bom humor que elas contêm...
_ Só isso? – disse-me desconfiada. – Pensei que tivesse “coisa mais séria” para se fazer nesse
Programa de formação continuada de professores, o ARCO.
_ Por isso mesmo... O ARCO me faz ter essas idéias (ou “faz-me” ter esses desejos?)... Quero
aprender como se faz para escrever as crônicas – insisti.
_ Não sei não... É algum tipo de brincadeira?
_ Claro que não! Estou pensando seriamente: Por que não exercitar a escrita de crônicas?
Tenho lido Rubem Braga, Sabino, Drummond, Paulo Mendes Campos... Gosto ainda do Cony, Arnaldo Jabor, entre outros que tenho acesso.
_ Bem, se é o que diz... Já pensaste em algum tema? Sobre o que gostarias de falar?
_ Não sei exatamente... Sobre a escrita? A leitura? As dificuldades de ser um escritor? Quem
sabe... “O escritor que existe adormecido em cada um de nós!”
_ Acho bom leres algo mais sobre isso. – disse-me entregando um papel que tirara da pasta que
carregava consigo.
_ ...“Da descrição, a crônica tem a sensibilidade impressionista; da narração, a imaginação
(para o humor ou a tensão); e da dissertação, o teor crítico...” Puxa! Eu só queria mesmo era aproveitar de modo inteligente meu senso de humor!!!!!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

FADA LUZ
















Eloiza Marinho


Era uma vez...
Num Reino distante...
Havia uma fada que não sabia que o era. Ela havia sido "esquecida" num Palácio Encantado.
Sua missão era "cuidar" das pessoas. Se alguém tinha sede, ela dava de beber; se outro tinha fome, ela o alimentava... E ainda limpava todos os cantos do palácio.
Assim, perdera seu nome. Era chamada apenas..."Dona".



Mas Fada Luz era feliz! Sob seus cuidados estavam quatro fadinhas, seus “anjos de guarda”.
Fada Luz se encantava com o que via: mestres ensinando, pessoas aprendendo, livros... Sempre que tinha um tempinho, lá estava a Fada nas janelas apreciando os ensinamentos com suas fadinhas. E, quanto mais ouvia os mestres, lia os livros, o Palácio parecia ficar menor, apertado...
O palácio estava pequeno ou Fada Luz estaria crescendo?

Um belo dia, Fada Luz resolveu sair dos muros do Palácio Encantado com suas fadinhas.
Alguns diziam:
_ Você ficou louca, Dona?
_ "Formiga quando quer se perder cria asas!!"
Fada Luz sorriu e, nesse momento, percebeu que dois "brotinhos de asas" começavam a surgir de suas costas.


Então, Fada Luz deu mais um passo em direção a saída, outro passo seguiu-se... e mais um para fora do Reino. E o que viu...
_ Horizontes!!! Vamos conhecer os horizontes? – perguntou a Fadinha caçula.
_ Horizontes?! Não existem Horizontes – sorriu a Fadinha mais velha com suas irmãzinhas.
A Fadinha ficou vermelha, enquanto Fada Luz, com doçura, acariciou-lhe os cabelos de fada
_ Como assim, meu bem? Horizontes?
_ Horizontes, ora! Esses que estão por aí... –Tentou explicar a Fadinha Lê, amiga da caçula.


Levantando a vista, Fada Luz observou ao seu redor: várias tonalidades pintavam o céu.

............................

O tempo havia passado ... Agora Fada Luz compreendera que existem sim vários horizontes. Mas é preciso aprender a olhar. Fora por isso que, naquele dia, ela saíra dos muros do Reino.
Dando as mãos às suas Fadinhas, Fada Luz voou em busca de novos horizontes.

Menino, teus sonhos...

Eloiza Marinho



Menino "sem sonho",
Menino sem meta,
Teu jeito de ser
Me preocupa e inquieta.

O que pensas da vida?
O que sentes e espera?
Menino "sem sonho",
Tua vida me alerta!

Escola, pra ti, é coisa penosa:
Horários tão rígidos!
Tarefas e livros!
Cobranças e notas!

Menino "sem sonho",
Já tens um ideal:
Não queres o pesado,
No fardo da cerâmica,
Viver explorado!

Façamos um trato, menino!
Encontra teus sonhos!
Ficando na escola,
te mostro que um dia...
Já tens uma meta.
Já teces teus sonhos,
Já constróis teu futuro.
No banco da escola,
No meio dos livros,
Redescobres a vida
Reescreves o futuro.
(Esse texto nasceu de um diálogo com um adolescente de 15 anos, estudante da rede pública Estadual)


O que um adolescente pensa sobre a escola

"A pessoa que inventou a Escola não tinha o que fazer. A Escola pra mim é uma coisa que eu não posso faltar e se eu faltar meus avós brigam. Se não fosse por isso eu não vinha, Eu sei que a Escola e Boa pra o futuro. Mas não gosto muito de vim mas se e bom eu venho. eu so estou estudando por que que não quero trabalhar em ceramica só."


(Texto escrito por um estudante (15 anos) de 8ª série do Ensino Fundamental, rede pública estadual em 27 de maio de 2008. Foi preservada a escrita do autor. Grifo nosso).